No final de semana seguinte ao carnaval resolvi levar a trupe para conhecer Arambepe, um lugar mágico, que guarda uma beleza ímpar e uma das últimas aldeias hippies sobreviventes dos tempos áurios do movimento. Neste ambiente, de um incidênte em que perdemos as chaves do nosso carro, originou-se o conto abaixo que foi publicado na edição 02. Fora as garçonetes gostosonas, todos os personagens mencionados são reais e alguns fatos, claro que não direi quais, também.
“O Feio Patinho”
Era uma vez uma patona conhecida como TelePataSul. TelePataSul, que residia na Rua do Ouvidor, centro do Rio, era moderninha que só. Certo dia resolveu construir o seu ninho lá pelos lados do Nordeste. TelePataSul, que ninguém nos ouça, já havia saído da Cidade Maravilhosa, moderninha que só, prenha. Lá chegando, foi logo arrumando de encontrar um canto para fazer o seu ninho. Um ninhozinho básico. Piscina, sauna, birosca na portaria, porteiro pra cacete e um monte de gordinhas nas redondezas.
Depois de rodar a terrinha ACMiana de cabo à rabo conseguiu achar um buraco que era o seu número. Bem, aí é que começa o fuzuê... Logo após alojado o rabão no seu ninhozinho básico... ploft! Veio logo a primeira cria. Era esquisitinho. Branquelo, cabeça de caroço de manga chupada e sempre coberta por um pano não menos esquisitinho, montes de penduricalhos na orelha, vivia ouvindo um troço barulhento que só (para os leigos... Rock’n’Roll!!!) e, contradizendo o que o povo vivia dizendo, trabalhava demais. Por essas esquisitices o chamavam de “O Feio Patinho”.
Feio Patinho, que vivia feliz e contente, apesar de ser filho, digo, pato único e caçula de si próprio, vivia a trabalhar e a ajudar a sua mãe a conservar e cuidar do ninho. Após dois meses de marasmo o Feio Patinho, numa de suas orações, pediu para papai do céu alguns irmãozinhos. Bem feito!!! Na madrugada seguinte... ploft! Chegou a Feia Patinha. Logo depois... ploft! ploft! Pit e Fab. E então... ploft! pumm!!! Aluguel e Bomba!!!. Ainda não satisfeito, dizem as más línguas, Papai do Céu Puto por estar trabalhando no carnaval fez... ploft! ploft! ploft! e shazan! Pois, é... Caio, Cirilo, Mayra Cafubira e Japa.
Pois é, meu camarada, essa patalhada toda infurnada no ninho que o Feio Patinho cuidou com todo zelo do mundo. Quê? Bagunça? ‘Cê nunca viu nada parecido. Era um tal de milho prum canto, minhoca pro outro, papa de pão na parede. Um reclamava que o outro não fazia nada. O outro não falava, mas, peidava até arder o trem... Era um inferno. E o pobre do Feio Patinho lá, trabalhando de sol à sol enquanto a cigarra... (?) Vixi! Desculpem-me, errei o conto.
O pobre do Feio Patinho ao sair para o trabalho levava mais de meia hora para atravessar o ninho, pois, os outros patos, que passavam a noite na esbórnia, chegavam na “madruga” e do jeito que chagavam se largavam esparramados pelo chão. O pobrezinho ainda ligava para o ninho à tarde para saber se todos estavam bem e sempre ouvia a maior zona, uma falação, todo mundo jogando e bebendo até cair e ainda deixavam o pobrezinho falando sozinho ao telefone. Quando ligavam para ele... ah! o bichinho ficava todo satisfeito. Tolo! Só ligavam para avisá-lo que jantasse na rua, pois, não sobraria comida. Mas, como todo mundo sabe, personagem que tem o nome como título do conto ou é totalmente canalha ou é idiota...
Um dia o Feio Patinho acordou meio puto com tudo aquilo e saiu para o trabalho pensando: “- eu sou o Feio Patinho. O conto tem o meu nome. Meu nome já apareceu 8 vezes. E o mais importante, eu sou Feio, mas, tenho olhos azuis... Isso não vai ficar assim, não!!!” E foi mirabolando um jeito de se vingar daquela multidão de patos que apareceram vindos pela B.R.A. sabe-se lá de onde para acabar com seu sossego.
No fim da tarde chega ele ao ninho com um micro ônibus de luxo com TV, DVD, frigobar, banheira de hidromassagem, poltronas leito, pista de dança, quadra de Futsal e tênis e um “porrão” de garçonetes deliciosas vestidas com espartilho, meia calça 7/8 e “oscambáu”. Quando a “renca” de patinhos vagabundos viu aquilo ficaram doidos. “- Uhúú! Demorô!!!”, “- Pô meu, qui da hora!!!”, “- Ih, muleque!!!”, diziam eles. E foi um empurra-empurra “ducacete” para entrar no micro ônibus. Após a patalhada toda aconchegada, o Feio Patinho ligou o carro e pegou estrada... e estrada... e estrada.... e estrada... e quando ele achou que já estava longe o bastante para alguém poder voltar de qualquer maneira que fosse, aí sim, ele andou mais duas vezes o que tinha andado até então e parou numa praia deserta. A balbúrdia dentro do automóvel era tanta que ninguém notou o tempo nem as centenas de quilômetros que se passaram.
Quando desceram ficaram maravilhados com a beleza do lugar. “- Pô! Feio Patinho, que lugar maneiro!”, falavam. “- É... Este lugar é como se fosse minha casa”, disse o Feio Patinho. E, completando baixinho para ele mesmo, “- espero que seja a de vocês para sempre...”.
Depois de algum tempo explorando o local, o Feio Patinho diz que vai até o carro pegar a sua prancha para que seus queridos irmãozinhos se divirtam ainda mais. Vai até o micro ônibus, pega a prancha tranca as portas com toda comida, bebida e bolsas dentro e volta para encontrar o pessoal. No meio do caminho ele pensa: “- Isso é muita ruindade, vão ficar todos aqui nesta praia deserta abandonados, famintos, mortos de sede em frente ao mar, à centenas de quilômetros de casa e sem ter como se comunicarem com ninguém...” Logo após ter pensado na terrível cena deu meia volta e foi em direção ao micro ônibus. Aos prantos colocou a chave na fechadura da porta do carro, virou-a, se certificando que realmente estava trancada e concluiu: Snif! Snif! “- Não acredito que me livrarei desse povo todo.” Snif! Snif! Quando se reuniu aos outros patinhos ensinou-os a utilizar a prancha e logo após fez a cena: “Ih! Maluco, perdi as chaves do micro ônibus. Mas, num esquenta, não, véio. Eu vou pegar uma caroninha básica até o ninho, pego as cópias e estarei de volta antes do Bomba!!! acabar de descer a duna, valeu?!? Até mais, heim!!!”.
E lá se foi. Mas, não antes de furar todos os pneus e tanque de gasolina do micro ônibus. Chegou em casa e depois de algumas horas ligou para os manés: “- Ó!, tô procurando as chaves com ajuda das garçonetes, valeu?!? Assim que achá-las vou de táxi até aí para resgatar vocês. Quê? Num tô ouvindo. O quê? O quê que comeu o braço de quem? Num tô ouvindo. Olha só, quando eu achar as chaves eu vou até aí, e aí então você me conta melhor, tá? Um beijo, tchau.”.
E assim tudo voltou ao normal naquele ninhozinho confortável e com comidinha fresquinha.
Não! péra aí! Num faz esta cara não. Quase morri, pois, depois que fiquei sozinho no ninho o ar condicionado ficou mais forte e quase peguei um resfriado. Isso sem falar na comida que agora tá sobrando e eu estou com uns quilos a mais. Tá vendo, na minha desgraça ninguém pensa, né? Fim!!!
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