Já falei anteriormente aqui sobre perdas. Em "Era Assim Que FaZIAmos", uma das minhas perdas mais doídas foi relatada. hoje falo sobre outra...
Quero Amigos Que Carreguem Meu Corpo Pela Escada
Hoje, com um vazio imenso no coração, ajudei a carregar o corpo de um grande amigo pelas escadas, do seu quarto, onde morreu, até a garagem onde se encontrava o carro funerário. Com muito esforço e dor, este breve momento que parecia não ter fim, me fez refletir sobre o que construímos ao longo de nossas vidas. No nosso momento pós-vida, o que teremos de verdade? Quem teremos de verdade? O corpo sem vida, que até bem pouco servia de veículo para alguém que foi meu mestre em muitos momento, mais uma vez me agraciou com um grande, e derradeiro, ensinamento. Enquanto o pessoal da funerária ajeitava o corpo dele na prancha, prendendo as fitas de fixação e o colocavam no carro, compreendi que não quero mais me aborrecer com relacionamentos mornos, sem sal ou sujeitos a criar mofo. Não quero ter que medir minhas palavras ao falar, criticar ou debater com um amigo ou familiar. Não quero mais me preocupar com relações abaladas por qualquer atitude que possa parecer ser mais importante do que o amor e o carinho empregado nesta relação. Quero relações viscerais! Quero relações onde um “você me magoou” tenha muito menos valor do que um “Vai se fuder! Eu te amo, porra!”. Eu quero amigos que carreguem meu corpo pela escada! E que saibam que eu também carregarei o corpo deles, se for necessário. Quero viver e ter pessoas que vivam ao meu redor e que sirvam de exemplos para minhas crias.
Sobre minha perda de hoje… Você fará muita falta, meu velho amigo. Agradeço por todas histórias, tripes e motocadas que compartilhamos. Para sempre terei tatuado em meu coração “COCA 69”.
Qualquer hora dessas a gente se reencontra para dar um rolé por estas loucas estradas celestiais.
Curitiba, 08 de abril de 2021
Revisão de texto e parceria: Gi Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário