Aqui está o registro do "até logo" que me foi mais doloroso até agora.
Era Assim Que FaZIAmos
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E vou me lembrar do sol aquecendo meu rosto pela manhã
Enquanto caminhava de mãos dadas a você
No caminho para a escola.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E vou recordar do primeiro dia de aula
Quando agarrado à você em frente ao portão
Não queria entrar.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E lembrar do seu rosto por cima do muro
Me olhando cantar o Hino Nacional
No pátio da escola antes de entrar para a sala de aula.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E recordar de todos os recreios que fiquei sem merendar
Para guardar o dinheiro e mais tarde
Com você, comprar Gamadinho.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E me lembrar da felicidade de te encontrar
Em meio a uma multidão de mães e pais
Empilhados no portão na saída da escola.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E lembrar que todos os dias a caminho de casa
Eu pedia para a gente passar naquela barraquinha de doces
Para comprar Gamadinhos.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E vou voltar a sentir o cheiro rural da ração
De quando caminhava por entre os corredores da Casa do Fazendeiro
Cumprimentando cada um de todos os animais que lá moravam.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E vou novamente caminhar por cima do murinho
E sentir a sua mão quando me apoiava
Me protegendo de uma provável queda.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E vou pedir para você me levar no colo
Ladeira acima beirando o Horto
Castigando suas pernas cansadas.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinho
E vou pedir para pararmos debaixo da amoreira
Colhermos as frutinhas, mancharmos as mãos e roupas
E sentar no degrau da calçada ao seu lado para comê-las.
Hoje depois da escola
Eu vou comprar Gamadinhos... e vou comê-los!
Vou dividi-los com meus filhos
E contar-lhes nossas histórias.
Curitiba, 12 de dezembro de 2013
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