Era início do ano 2ooo. Toda aquela tensão sobre o possível fim do mundo (alguns acreditavam que aconteceria de 1999 p/ 2000, outros de 2000 p/ 2001 e outros que achavam tudo isso uma grande besteira). Um grande figura, que tenho como um irmão, decidiu escrever um jornaleco intitulado "Boca´s", no qual fazia resenhas sobre a vida alheia (na verdade sobre a vida dos amigos próximos). Ao ter acesso à tão "nobre" obra, percebo que 80% das suas resenhas diziam respeito à MINHA vida em particular. Após remoer esta bela homenagem por alguns meses, decedi retribuir tão "nobre" honra escrevendo o conto “O Boca”, meu primeiro texto escrito para ser lido por outras pessoas. Conto este que acabou dando origem à sequência dos 04 exemplares antológicos de "A Resbosta. A prova de que a esquerda pode ser canhota, porém, não é muda". Como o conto narra acontecimentos (verídicos ou não) da vida de um personagem real, o sentido das profundas alfinetadas só será captado por pessoas que o conhecem. Memos assim, vale algumas risadas.
ATENÇÃO: O CONTEÚDO DESTE CONTO PASSUI PALAVRAS DE BAIXO ESCALÃO!
A Resbosta
A prova de que a esquerda pode ser canhota, porém, não é muda.
Rio de Janeiro, Junho de 2000 - Exemplar_00
Na inacreditável narrativa que se segue, temos um exemplo de vida trágico que poderia ter acontecido comigo ou com você. Mas, felizmente não aconteceu.
O Boca
Era uma vez uma linda e humilde cidade chamada Tindibândia. Nesta pequena cidade residia um casal de jovens muito simpáticos, Sr.ª Olinda Genteboa de Narizinho e Sr. Luizinho Narizinho, muito conhecidos pela população local por um estranho fato com eles ocorrido que contaremos a seguir:
- Mas, Sr.ª Olinda Genteboa de Narizinho, como é que a Sr.ª soube que minha filha iria ficar grávida daquele canalha do Juca 71 antes mesmo do salafrário bolinar na pobre menina?
- Ah! Minha filha, logo após eu descobrir que estava grávida, comecei a ouvir muitas coisas esquisitas vindas de dentro de mim. Como por exemplo, o caso da sua minina. Todas as vezes que me deparava com ela na rua ouvia uma voz provinda do meu interior dizendo: - Ah! Hum! Essa menininha com carinha de anjo não me engana. Tá dando rasgado pro 71.
E assim foram passando os meses decorrentes da gestação de Dona Olinda Genteboa de Narizinho, e a cada dia que se passava, mais assíduas ficavam as fofocas vindouras de seu interior. Até que certo dia, caminhando pela calçada, parou para comprar abacaxi no caminhão enfrente a um pé-sujo-esfelepento-mal-cheiroso-cachacístico-de-esquina-com-balcãodimadeira e começou a sentir enormes contrações e fisgões levando-a em direção a birosca e, contra sua vontade, a fez adentrar o recinto impróprio para damas de tal postura. Uma vez lá dentro, sua enorme barriga começou a se contorcer e revirar-se de maneira a assustar o portuga que estava do outro lado do balcão.
- Minha senhora, estáis a dar a luz?
E uma voz estridente vinda de seu ventre dizia: - Não, Pedro Bó. Num tá vendo que a porra da luz já tá acesa, seu monga?
Porém, Dona Narizinho, roxa de vergonha, nada podia fazer já que não tinha mais controle sobre seu ventre revoltado, desbocado e fofoqueiro. Foi aí que as contrações foram ficando cada vez mais fortes e constantes. Dona Narizinho implorava: - Por favor chamem o luizinho, que eu vou dar à luz o nosso filinho.
Seu Narizinho, por sua vez, ao receber a notícia achou aquilo tudo muito estranho, pois, sua esposa, Dona Olinda Genteboa de Narizinho, cruzava o 4º mês de gestação, e, até então, aparentava estar tudo bem com o bebê, apesar da voz proveniente sabe-se lá da onde. Ao chegar ao local do incidente, o Seu Narizinho deparou-se com uma parteira local “lambendo” um copo de pinga, baforando um “dipáia” e trazendo seu querido e prematuro filho à vida. Ao ver o seu filinho pela primeira vez levou um susto... Para seu espanto a criança não tinha pernas. Também não tinha braços e, curiosamente, não possuía tronco. Ele era uma enorme e beiçuda bocona cheia de dentes e com uma linguona que não tinha mais tamanho, que ao ver seu pai pela primeira vez se arreganhou toda e disse: - Caralho, pai, que narigão!!!
Bem, a partir de então o mundo nunca mais foi o mesmo. Saber sobre a vida alheia se tornou muito mais fácil.
Não basta saber, tem que contar. ( Booooca seu f.d.p. )
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